Imogene + Willie

5 de outubro de 2012

calça jeans imogene + willie

O jean Imogene + Willie nasceu do conceito de vender calças feitas de forma sincera. A marca do casal Matt e Carrie Eddmenson cresceu organicamente e hoje é uma linha completa. Tudo produzido e vendido dentro de um posto de gasolina na zona sul de Nashville, Tennessee. Até hoje eles mantem uma relação aberta com o público, através de um site atualizado que realmente funciona como um pedacinho da vida deles. 

Eu acredito que é preciso valorizar pessoas como Matt e Carrie. Neste blog eu já reclamei várias vezes sobre a falta de informação que as marcas brasileiras oferecem sobre os seus produtos. Nem os vendedores e os serviços de atendimento conseguem responder perguntas sobre a fabricação do que vendem. As lojas online e sites então, são verdadeiros mistérios. Isso é manter o consumidor sem informação para deixar as pessoas cada vez mais vulneráveis a mensagens das propagandas e alienado quanto a possível furada de olho que estejam prestes a tomar. O grande desafio de marcas como Imogene + Willie é sobreviver em um mundo que suspeita de preços altos mas não acha estranho quando se depara com preços de banana. 


A indústria têxtil e a manufatura dos Estados Unidos em geral sofreu muito vendo seu trabalho ser transferido para fábricas em outros países. Nos dias de hoje, é preciso ter muita coragem e paixão para abrir uma pequena marca independente e conseguir desenvolvê-la com recursos limitados, manter uma visão clara, preços lucrativos e criar condições de pagar salários decentes aos funcionários. Eu convido vocês a assistirem este vídeo sobre a história da Imogene + Willie. São duas pessoas que trabalharam com jeans a vida inteira e, em um momento de dificuldade, decidiram focar todo o seu conhecimento e paixão em um projeto. Esse vídeo é a melhor forma de aprender sobre eles e ver a relação intima que tem com todo o processo de criação e produção: 



O fato de eles terem não apenas sobrevivido, mas também crescido, é muito impressionante! Eu estou acostumado com o artesão cobrando bem baratinho pelo que faz. Para ele, nem vale a pela fazer tudo da melhor forma possível. No mercado, os nomes das grifes viraram substitutos para qualidade e estilo. O consumidor paga caro na esperança de demonstrar riqueza, conhecimento e status através de uma logomarca. Foi assim que apareceu a idéia de colaborações de estilistas com fast fashions, que nada mais são do que peças cuidadosamente planejadas para dar um gostinho daquele status até então reservado para um grupo com maior poder aquisitivo. Essas peças tem obsolescência estratégicamente determinada, mas se passam por criações genuínas. Por isso, é difícil posicionar uma marca como premium baseado puramente no produto, sem ter por trás um nome de um estilista famoso ou o empurrão de alguma celebridade.



A história da Imogene + Willie mostra a diferença entre algo autêntico, derivado da criatividade e do trabalho, e de uma coisa cuidadosamente calculada a partir de orçamentos e estratégias para agradar um momento. Tudo o que eles fazem é feito a mão, e também é possível fazer alterações na loja ou encomendar peças sob medidas. Eu sei que o estilo das roupas não é para todo mundo, mas a idéia de conquistar o consumidor através do cuidado com o produto e da honestidade está presente, para ser aplicada ao sonho de cada um. Imogene + Willie ainda deve enfrentar muitas dificuldades, mas não deve parar por aí, pelo menos de acordo com a palestra que fizeram para o TED:



Um projeto muito legal dos dois é a série de fotografias "Love Fades". Eles documentaram os jeans dos seus clientes depois de serem usados e terem se tornado uma peça única. É a beleza do jeans bruto! Históricamente as peças de roupas eram muito valorizadas e cuidadas com carinho. Em algum momento nós fomos convencidos de que não podemos comprar uma coisas boa e cara, mas podemos comprar um monte de coisa descartável e barata. A indústria hoje prospera através de grandes volumes, consumo contínuo, produtos iguais e preços baratos. As tendências estão se esgotando e mudando cada vez mais rápido enquanto os produtores procuram maneiras de cortar caminhos na qualidade, acabamento, criatividade e detalhes. A Love Fades ilustra justamente o contrário: uma loja incentivando as pessoas a usarem um produto por muito tempo ao invés de comprar um novo.


Nos últimos anos eu conheci, conversei e até fiz amizade com várias pessoas criativas que não estão contente com a situação do mercado brasileiro e a direção que ele tem seguido. Cada um tem o seu ponto de vista e a sua idéia do que é bom e ruim, mas querer algo autêntico, e a dificuldade de ir contra a maré é um ponto que une todos. Essa coisa de produtos bem feitos, duráveis, que ofereçam uma experiência de consumo única e especial é quase considerada impossível para o pessoal de Belo Horizonte. Mesmo assim algumas dessas pessoas já aceitaram o desafio e começaram suas pequenas marcas ou projetos pessoais, e conheço outras sonham em entrar para uma marca empresa e ajudá-la a crescer. Eu acho a Imogene + Willie um exemplo de sucesso e a mensagem que eles passaram na palestra do TED é sensacional. Espero que vocês também achem. Inspirem-se! 

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