#76. Visitando a loja: Supreme

30 de junho de 2012


Não sou aficionado por street wear. Mas você não precisa ser um aficionado para saber que no momento, a Supreme é o que há de mais cool. O pouco que sei sobre a marca é que ela foi fundada em 1994 e começou como uma marca de skate. Para ser bem honesto eu não a conhecia até começar a ver um logo vermelho e branco onipresente em tudo e em todos a mais ou menos um ano atrás. Na Lady Gaga, Chris Brown, Justin Bieber, Kate Moss, Muppets, Tyler the Creator, A$AP Rocky, Nike, Vans, North Face, Independent, e mais um monte de colaborações com outras marcas.

Quando estava em Nova Yorque eu fiquei sabendo que a marca lança novos produtos toda quinta feira e decidi conferir. A loja na Lafayette St. abre as 11:30 então resolvi passar lá antes do almoço. Fiquei surpreso quando cheguei. Umas 100 pessoas já estavam acampadas. Um vendedor ficava na porta deixando 5 pessoas entrarem de cada vez. Decidi que não valia a pena ficar na fila por causa de roupa e fui embora. Depois de almoçar e conhecer os arredores, mais ou menos 3 horas depois voltei à loja. Depois de esperar um pouco finalmente consegui entrar. Praticamente todas as novidades do dia já estavam esgotadas, restaram apenas os produtos da coleção e alguns bonés que não tem nada a ver comigo. As pessoas acamparam e estavam pagando caro por coisas simples, como uma camisa social azul, um chino ou uma camiseta branca com o logotipo "Supreme". 

Não fiquei impressionado com a loja e nem com os seus produtos. Claro, haviam várias coisas legais que eu compraria, mas nunca esperaria em uma fila. O que me marcou mesmo foi o status e o culto que existe por trás de uma marca de roupas. Empresas, sejam elas de nível Fortune 500 ou uma start-up, morreriam para conseguir chegar a esse nível de inovação e conexão com o consumidor. Com certeza dariam tudo para se posicionarem de modo que poderiam produzir qualquer coisa em massa e ter centenas de pessoas acampando dois dias antes para esperando. Até mesmo algo "insignificante" como um moleton.

#75. Visitando a loja: Dr. Martens

21 de junho de 2012

A Dr. Martens começou com Klaus Martens, um médico alemão, que idealizou calçados com solas acolchoadas como uma alternativa para o solado duro e inflexível das botas de couro do exército. Seu timing foi perfeito. A Europa pós-guerra havia acabado de passar cinco anos com botas de guerra nos pés, e conforto era o que queriam. O pequeno negócio cresceu ao ponto de chamar a atenção da Griss Company, uma empresa Britânica conhecida na época por fabricar excelêntes botas. Juntos, desenvolveram um novo formato para uma bota e acrescentaram a famosa costura amarela. O nome foi anglicizado para "Dr. Martens" e a patente da sola "Air Way" foi registrada. O primeiro par de botas Dr. Martens, o modelo 1460, foi fabricado no dia 1 de Abril de 1960, na fábrica da Griggs & Co, onde ainda são produzidas até hoje. No novo mundo pós-guerra, foi uma parceiria entre dois antigos inimigos (e a tecnologia alemã com a habilidade artesanal inglêsa) que deu origem a uma das peças mais reconhecíveis e copiadas da história. 
Skinheads: This is England, filme que mostra a corrupção ideológica e os conflitos dentro do movimento jovem.
A bota fez sucesso igualmente entre donas de casa e trabalhadores industriais, acostumados em passar o dia trabalhando com sapatos de solas duras e desconfortáveis. De repente os grupos funcionais foram acompanhados por rejeitados, párias, e todo tipo de rebeldes excluido das camadas superiores da sociedade. A primeira subcultura a adotar a bota foram os Skinheads, um grupo unido pela música, moda e um estilo de vida. Infelizmente o movimento dos jovens da classe trabalhadora acabou corrompido por fatores políticos e sociais. Porém, a Dr. Martens já havia se transformado em um símbolo da revolução cultural na Inglaterra, talvez representando o otimismo da reconstrução pós-guerra. 


Nos anos 70 em diante a bota foi adotada por praticamente todas as subculturas...mods, glam, punk, ska, psychobillies, góticos, industrialistas, nu-metal, hardcore, straight-edge e grunge, por exemplo. Em quem você pensaria se te pedissem para fazer uma lista de quem usava Dr. Martens? Sua resposta vai depender da década de sua adolescência e que tipo de música você escutava. Se você era um adolescente nos anos 90 é bem provável que essa imagem lhe venha à cabeça:

Dr. Martens nos anos 90: Ethan Hawke e Winona Ryder
A bota é realmente um símbolo da rebelião jovem. Sendo assim, ela acabou adquirindo uma associação de imagem muito específica, neste caso a do skinhead, punk, e grunge. Felizmente, a moda skinhead e mod renasceu nos últimos anos. Marcas como Fred Perry e Ben Sherman ganharam reconhecimento mundial e a Dr. Martens aproveitou as portas abertas para expandir a sua linha de produtos e buscar colaborações com players muito interessantes (Raf Simons, Liberty of London, Sunspel, British Mile Rain, entre outros). 

A loja da Dr. Martens localizada no Soho representa justamente isso. A única loja na costa leste dos Estados Unidos dentre as três lojas no país, parece refletir o momento pelo qual a marca passa. Apoiando-se em sua história mas também buscando desestigmatizar o produto e torná-lo interessante para outros grupos. Os inúmeros calçados s são vísivelmente divididos em grupos, com vitrines gigantes para cada estilo ou colaboração recente. As botas em um canto, os sapatos de um tipo em outro, peças metálicas na direita e floridas na esquerda. 


É muito interessante ver uma marca que tem um produto tão clássico sair de sua zona e conforto tentando coisas novas com produtos muito interessantes. Apesar de gostar muito das botas e achar incrível a sua história, eu confesso que não me considero capaz de sustentar a sua estética no meu dia a dia. Portanto, o que me agradou mais na loja foram as interpretações que a marca fez de calçados sociais. Achei que foi uma mistura perfeita do clássico com os elementos "workwear" mais pesados que tornaram a Dr. Martens tão famosa:

Tassel loafer cheio de contrastes. Um dos sapatos mais "elitistas" com um visual rebelde.
Adquirido.
Dr. Martens + British Millerain. Colaboração de chukka boots camufladas.
Long Wingtips e Spectator Shoes, versão Dr. Martens. Uma mistura histórida dos momentos formais e de lazer da alta sociedade Britânica com os elementos pesados dos trabalhadores indústriais.
Os sapatos clássicos.
Dr Martens + Liberty of London
Dr Martens + British Millerain & Co, botas e sapatos de lona encerada.
Solas menos agressivas e um molde mais suave

#74. Favorito do dia: Pitti Uomo

20 de junho de 2012

Ano após ano as fotos do Pitti Uomo em Florença. O contraste com as fotos do Spfw é ainda mais evidente quando pensamos que estamos no inverno e eles no verão. A escolha inteligente de tecidos e peças adequadas consegue proporcionar elegância e conforto mesmo embaixo do calor do verão Italiano. A feira Italiana é perfeita para  visualizarmos trajes clássicos e elegantes e ao mesmo tempo observarmos novas idéias. Abaixo, uma seleção das minhas favoritas do primeiro dia do Pitti Uomo 82:

Clássico, simplicidade, branco azul e bege:









Novo. Cores, neon e estampas:

















Jeans e anarruga:







Fotos: GraziaTommy Ton, Justin ChungMonsieurjerome

#73. Pior do dia: Looks no São Paulo Fashion Week

Como criar proporções absurdas, usar roupas que não servem, dar um tapa na cara da alfaiataria, e uma reflexão a respeito do limite do decote masculino. Algumas fotos e lgumas considerações:

É o da esquerda. Um exemplo de como a simplicidade sempre é melhor, e uma produção pode ser estragada pelo excesso. Dica: Antes de sair de casa, olhe no espelho e remova alguma coisa, neste caso o colar. Comentário: Não sou muito fã do preto com vermelho, do preto com marrom e dessa coisa de colocar a calça dentro da bota. Minha sugestão seria fazer como o senhor do meio e Jared Flint fizeram: usar uma camisa mais clara e trocar o preto pelo cinza.
A calça skinny não é para todos. Já está mais do que na hora de nós homens dizermos adeus ao visual Muffin/Cupcake. As fotos da direita mostram como homens com físicos mais largos mantém tudo proporcional, com peças bem ajustadas (não apertadas). Outra coisa, há um limite para o decote da gola v. Fico imaginando essa camisa sem a jaqueta. Com a largura desse corte é capaz da gola até ultrapassar o ombro tipo aquelas camisas old school do Mike Tyson.
Puxada de manga em camadas para deixar o braço parecendo um cachorro excitado. Essa técnica é muito utilizada para forjar o visual metículosamente desajeitado. No vestuário masculino, caimento é tudo, as vezes a proporção das peças pode deixar o seu tronco comprido demais em comparação com a sua cabeça. 
Da mesma maneira, camisas compridas com calças apertadas podem te deixar com pernas curtas e parecendo um membro de Alvin e os Esquilos
Me parece que a última moda é amarrar a camisa na cintura...
...tentando demais parecer calculadamente descolado e criando aquele visual que as mulheres chamam de "saia mullet"
O caimento das peças é fundamental. Essa imagem ilustra isso. As cores estão ótimas, mas tudo vai por agua a baixo por que a manga da sua camisa não deveria ser comprida ao ponto que você precisa dobrá-la por cima do blazer. Não é legal parecer um garotinho que pegou uma blusa emprestada do irmão mais velho.
Manga do blazer estilo sanfona de tão comprida que está. Essa alteração custa no máximo R$ 10 em qualquer alfaiate ou costureira.  Novamente, conheça o seu corpo.  Se você tem coxas grossas, opte por uma calça slim, não skinny.
Este caso é mais complicado. O blazer deve pelo menos ficar do tamanho certo no seu ombro,o resto é mais simples de ser ajustado. Se um blazer tem os ombros grandes demais, prefira não comprá-lo, por mais que lembre a Balmain. Blazers de abotoamento duplo são um pouco complicados porque precisam ser muito bem ajustados para não deixar a pessoa gorda parecendo um caixote. 
Ícone hipster...ok, bem autêntico. 
Mas nem tão original
Fotos: Caio Braz
Blogging tips